
no ápice da agonia de estar longe de tudo, nem minhas pontes conseguem alcançar mais os lugares que desejo, muito menos as ferramentas locais que já eram precárias desde o começo, fiquei um dia todo em silêncio, e minha comunicação com os nativos se limitou apenas à acenos de cabeça.
Hello Darkness my old friend
Juro que estou sendo obrigado a escrever.
Não, não poderia fazer nada.
Obrigado.
Nada, ninguém, nenhum lugar.
O vazio é doloroso.
Os ouvidos procuram substituir a sensação de silêncio absoluto com um agudo que nos machuca.
Os olhos queimam os cones e estimulam os bastonetes que ainda se sentem perdidos e plasmam formas irreconhecíveis, alucinam.
O nariz não sente odor nenhum, nem o fedor de sua consciência em putrefação.
A pele não possui mais temperatura própria, não são mais só as cores que a pele do camaleão assimila, e esse equilíbrio térmico faz você perder a noção do tamanho do seu corpo, e os limites dele, o que é e não é você, tem horas que parece que estamos derretendo, outras, um big bang ou um big crunch.
Sabe, a perda de sentidos é uma tortura militar.
Soldados foram ao inferno e tiveram um workshop com o próprio anjo caído para aprender a técnica perfeita, juro.
Essa (falta de) sensação gera um desequilíbrio na formação reticular do bulbo raquidiano e consequentemente no controle de dormir e despertar.
Você fica preso em um estado constante de sonhos acordados, seu cérebro ativa enzimas do sono e de ativação muscular, começa a organizar as informações como memória passada e continua a assimilar novas de uma maneira "mutante", sem se enquadrar em um tempo específico.
Nada mais é real.
Quem dera que fosse só mais um dia solitário.
Quando derrepente eu percebi.
"Uau, nossa, preciso de vocês."
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