sábado, 24 de julho de 2010

The Sound of Silence


no ápice da agonia de estar longe de tudo, nem minhas pontes conseguem alcançar mais os lugares que desejo, muito menos as ferramentas locais que já eram precárias desde o começo, fiquei um dia todo em silêncio, e minha comunicação com os nativos se limitou apenas à acenos de cabeça.

Hello Darkness my old friend

Juro que estou sendo obrigado a escrever.
Não, não poderia fazer nada.
Obrigado.

Nada, ninguém, nenhum lugar.
O vazio é doloroso.
Os ouvidos procuram substituir a sensação de silêncio absoluto com um agudo que nos machuca.
Os olhos queimam os cones e estimulam os bastonetes que ainda se sentem perdidos e plasmam formas irreconhecíveis, alucinam.
O nariz não sente odor nenhum, nem o fedor de sua consciência em putrefação.
A pele não possui mais temperatura própria, não são mais só as cores que a pele do camaleão assimila, e esse equilíbrio térmico faz você perder a noção do tamanho do seu corpo, e os limites dele, o que é e não é você, tem horas que parece que estamos derretendo, outras, um big bang ou um big crunch.

Sabe, a perda de sentidos é uma tortura militar.
Soldados foram ao inferno e tiveram um workshop com o próprio anjo caído para aprender a técnica perfeita, juro.
Essa (falta de) sensação gera um desequilíbrio na formação reticular do bulbo raquidiano e consequentemente no controle de dormir e despertar.
Você fica preso em um estado constante de sonhos acordados, seu cérebro ativa enzimas do sono e de ativação muscular, começa a organizar as informações como memória passada e continua a assimilar novas de uma maneira "mutante", sem se enquadrar em um tempo específico.
Nada mais é real.

Quem dera que fosse só mais um dia solitário.
Quando derrepente eu percebi.

"Uau, nossa, preciso de vocês."

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