quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ágapê

Nostalgia pura voltar aqui. Meio que desaprendí a escrever, mas vou fingir que ainda lembro, por vocês. Tentar pegar o ritmo das antigas pedaladas quando o meio de transporte para a faculdade está quase sem gasolina, enfim, eu volto. Eu volto a tocar, pois eu sempre estive aqui, e de olho.

No convés.


Vejo o tempo deslizar pelo vilarejo.
Sonhos a navegar pra trás.
Paciência é o que está escrito no casco,
aqui em cima puro desespero.
O chão ainda é líquido, ainda.

Quantas vezes eu desperdicei seu tempo falando de saudade?
Mea culpa.
É uma ferida que não sara nem nunca sarará.

Melhor parte disso tudo são as ondas.
As ondas e vocês, tsunamis.
Foi o que você disse meu Argus:
"escrevemos nossas linhas morais na areia... mas as ondas que podem destruir o que achamos certo ou errado são as melhores pessoas que conhecemos.
pessoas que como você, nos fazem abrir mão do que gostamos e aceitamos... simplesmente para que as ondas continuem sempre vindo"
As marolas que passam por mim não apagam o que tenho escrito,
nem chegam a borrar as vírgulas, sequer alcançam na maioria das vezes.
Escrevi com suor e sangue.
Pedaços de mim, tatuados na areia, aparentemente intocáveis e seguros.
Areia de metal, soldas em forma de letra.

Uma Tsunami não se satisfaz em ser onda, precisa ser o mar inteiro,
o mar inteiro em minha direção.
Toda essa água, veio por minha causa.
Se deslocando pra apagar as marcas na areia,
deixando a cicatriz do rastro das melhores partes, que tanto amamos.
Não só apaga, troca a areia toda se quiser.
Tudo que tenho escrito,
troco,
troco tudo que tenho escrito, nas areias, na alma e na pele.
Por fazer poesia na areia do mar,
poesia com areia e água.
A que suja e a que molda,
a que permite e a que decide,
a que ensina e a que liberta,
a do passado e a do futuro.

Minha Tsunami,
toda a água da minha vida,
minha vida.
Ela não continua vindo, ela está aqui.
Sempre comigo.

Um poeta chamado Amor.


Eros
Médico, excelentes mãos ele tinha.
Sábio, dócio, quase perfeccionista demais, quase desleixado demais.
Atleta hábio no arco e flexa, seus sentidos eram comparado ao dos leões e gaviões.
Os cabelos encaracolados chamavam mais atenção, uma herança de sua mãe, Vênus, e de sua avó, Sophia.
As mãos que curavam eram as mãos que amavam.
E como amavam aquelas mãos, deixavam Philos com aquele sorriso sem mostrar os dentes até o fim do dia, ou da semana se acompanhados à meia dúzia de beijos ao pé do ouvido.

Philos
Professora, adorava dar ordens.
Dedicada, leal, nem inteligente demais, nem altruísta demais.
Não importa o que iria dizer, todos paravam para ouvir, tinha a imponência das águas e a leveza do vento.
A pele morena fica linda ao sol, parecida com seu pai, Cabala, e com seu avô, Prometeus.
As palavras que costumava dizer não eram esquecidas por ninguém, culturava, e cultuava.
Bastava deixar a alma se metamorfosiar em língua para agradar Eros, aquelas palavras que sempre diziam tudo sem revelar, e aquela saliva colorida, gosto do beijo que Eros sentia com cada um dos sentidos.

Ágape
Fazia poesia(sem saber se era poeta ou poetisa), era amor.
Fraternal, pura, teimosa demais, linda demais.
Afeto eterno, espalhava paz por onde passava, podia não saber mas tinha tudo de seu pai e de sua mãe dentro de si, e muito mais, era simplesmente luz.
Os cabelos e a pele eram presente, destruiam junto com as palavras e os músculos a dor de qualquer um. Devorava, bastava olha-la para sentir. Ensinava, o mestre dos mestres parou para ouvir, e se contagiou.
Nada mais importa, Ágape nasceu, sacudiu as estrelas e mudou a história de Eros e Philos e do mundo inteiro.
Sem fé ou esperança, Ágape permanece mais forte do que nunca.
Nasce para dentro, vive ao contrário e nunca morre.
Só o amor pode resolver tantos problemas.
Ele salva.

Amor com P.


Pedro, pai, primo, Philosofia, Paris, Pê.
Polivalente, polipotente, policiente, polipresente.
Pelos pronunciamentos peço perdão.
Pelos privilegiosos proveitos próprios, paciência.

Porta principal, primeira página, pivô, piloto.
Práticas plásticas.
Pouco prevenidos passamos pelos piores pesadelos, perversidades, paralisações,
porões, puras pilantragens, pancadas, pânicos, problemas pessoais, psicológicos.
Perdemos passados, presentes, país, parentes, principais pertences.
Peixes pequenos provocando pesos pesados.
Padres? Pastores?
Porque?
Passatempo predileto, parceiros.

Pode parecer psicopata por partir,
partindo peitos, partindo-nos pelas partes, parcelas.
Prolifera praga, porém pura.
Parece pouco? Privilegiados por persistir petulantes.
Pressões, pisoteadas, preço pago,
piedade prática por paciência, passagem pelo pão.
Porque permissão pelos passos perfurantes?
Parecia pálido, porém pulso perspicaz, penetrante.
Parou, pensou..
"Preciso partir, prefiro perigo, profissão perfeita".
Predominou predador.

Palco, Paredes, Porto, Ponte, Palácio.
Pousa pobre passarinho,
portando palavras pinta poesia,
portanto parábolas, prêmios, passatempos, passos, puros paraísos.
Profecia.
Profeta poeta prometa permanecer, permitir, persuadir-se.
Passe por perto, perto da periferia pois.
Palmas, palmas, palmas, ponto, pronto.
Porque prevê?
Porque porque?
Porque porém?
Porque...?

Próprio pecado permitido.
Prece proibida personificada.
Paixões principalmente provam parceria, prisão perpétua.

Primeira pista, piada, pena.

Palavras pronunciadas pelo poeta.