domingo, 19 de agosto de 2012

É logo aqui.

Andrei Moreira está aqui.

Paraíso.

O tempo é fluido por aqui - disse o demônio.
Ele sabia que era um demônio pois aquela não era sua primeira aula, nem a última.
O mestre bagunçou seus cabelos esverdeados e riu, lambendo de leve as próprias cicatrizes.

Você não desiste mesmo... - falou o demônio num tom impossível entre a pergunta retórica e a briga desanimadora.
Quase sem espaço para cicatrizes, o aluno se expôs quase conscientemente, apenas como espectador de sua própria tortura. Mas quando esperava a última parte da tortura, quando esperava a voz do demônio dizer "de novo", ele abriu os olhos e percebeu que estava sozinho na sala de aula, e não havia nada para aprender com toda aquela dor.
E isso doeu mais que toda a eternidade que passou sendo torturado.

É possível ter que existir ao contrário, com um contra-propósito?
Se você considera aquilo existência...
Será que ele deve esperar a tortura acabar pra se ouvir dizendo "estou aqui"?

Talvez a parede do templo tenha caído, e ele estava com o machado em suas mãos.
Mas por que eu fiz aquilo? Só por não acreditar? - pensou, olhando para o sangue na parede.

Ele se sentiu tocado pelo demônio e acordou.
Escreveu seu conto e respirou pelo primeira vez aquele dia.
A arte é fluida por aqui.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Só?

176, finalmente me atingiu, me deu motivo, prevaleceu.


O que é ser correto?
Uma coisa é certa.
Certeza.

A Morte sente inveja de você.
Sonho conhece muito bem como funciona, afinal, este lá, deitado.
Só?

Todos conhecem a sua voz, mas seriam incapazes de reconhecê-la, não forma memória, metáfora.
Se eles sentem medo, você já foi.
Dá pra saber quando cativa alguém, dá pra sentir, dá pra entender, só.
Impossível compartilhar.

Eles menosprezam você, e ironicamente te fazem se sentir, só.
Muitos cultivam amizade com a dor para não ter sua presença.
Presente ausência.

Atlas, sombra sobre o lençol que te tateia a pele fina.
Corre calma, tira o ar.
Seus olhos se movendo sem (te) abrir.
Esta viva. Escravo da tua beleza.

Mata a/à vontade.

Quem quer viver para sempre?
Para se viver(;) só?