domingo, 11 de novembro de 2012

Sofia


Chega de complicar,
e parece que tentar simplificar já é forçar.
Seria como falar:
-pare de pensar!
Não dá.

Meus olhos fogem do seu olhar,
procurando eu e ela mesma em outro lugar.
Sem folego para gritar,
basta me tocar.
Agora.

Não há sentido em atribuir sentido.
Parece que vou implorando por uma guia.
Ela é meu anjo da calma,
pois sem ela, nenhum me guarda.

O barulho do meus dedos nas suas orelhas,
o cheiro natural de madeira,
a cor forte, mas opaca,
eu tenho sorte, minha alma é fraca.

Mata a sede dos justos,
mas que injustiça só te procurar quando não suporto,
quando me vejo torto, sem jeito, esqueço.
Só a saudade para lembrar que preciso dela não só no tormento.

Cansei de complicar.
E esse texto está na hora de acabar.

domingo, 19 de agosto de 2012

É logo aqui.

Andrei Moreira está aqui.

Paraíso.

O tempo é fluido por aqui - disse o demônio.
Ele sabia que era um demônio pois aquela não era sua primeira aula, nem a última.
O mestre bagunçou seus cabelos esverdeados e riu, lambendo de leve as próprias cicatrizes.

Você não desiste mesmo... - falou o demônio num tom impossível entre a pergunta retórica e a briga desanimadora.
Quase sem espaço para cicatrizes, o aluno se expôs quase conscientemente, apenas como espectador de sua própria tortura. Mas quando esperava a última parte da tortura, quando esperava a voz do demônio dizer "de novo", ele abriu os olhos e percebeu que estava sozinho na sala de aula, e não havia nada para aprender com toda aquela dor.
E isso doeu mais que toda a eternidade que passou sendo torturado.

É possível ter que existir ao contrário, com um contra-propósito?
Se você considera aquilo existência...
Será que ele deve esperar a tortura acabar pra se ouvir dizendo "estou aqui"?

Talvez a parede do templo tenha caído, e ele estava com o machado em suas mãos.
Mas por que eu fiz aquilo? Só por não acreditar? - pensou, olhando para o sangue na parede.

Ele se sentiu tocado pelo demônio e acordou.
Escreveu seu conto e respirou pelo primeira vez aquele dia.
A arte é fluida por aqui.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Só?

176, finalmente me atingiu, me deu motivo, prevaleceu.


O que é ser correto?
Uma coisa é certa.
Certeza.

A Morte sente inveja de você.
Sonho conhece muito bem como funciona, afinal, este lá, deitado.
Só?

Todos conhecem a sua voz, mas seriam incapazes de reconhecê-la, não forma memória, metáfora.
Se eles sentem medo, você já foi.
Dá pra saber quando cativa alguém, dá pra sentir, dá pra entender, só.
Impossível compartilhar.

Eles menosprezam você, e ironicamente te fazem se sentir, só.
Muitos cultivam amizade com a dor para não ter sua presença.
Presente ausência.

Atlas, sombra sobre o lençol que te tateia a pele fina.
Corre calma, tira o ar.
Seus olhos se movendo sem (te) abrir.
Esta viva. Escravo da tua beleza.

Mata a/à vontade.

Quem quer viver para sempre?
Para se viver(;) só?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

(Ainda) Não é agora.

Tenho dado muita atenção pra Sofia. Ela já me falou de sua Casa, das coisas que gosta, da Morte e de Sonho, mas principalmente da sua incrível capacidade de aprender coisas novas e ficar com cada vez mais dúvidas.


Já? 
Ainda não é a hora.
Ainda não. 
Não é agora.

Enquanto ela consome, 
meu tempo, energia, 
minha fé, minha paciência,
minha inteligência.
Sobre alguma coisa? Eu sou mais alguma coisa?

Engulo à seco, mesmo sendo fluido como o tempo.
Engulo o tempo, mesmo percebendo que tem gosto de morte,
Engulo a morte, mesmo sabendo que só tenho pesadelos,
Engulo o sonho, mesmo não tendo dormido,
Engulho um sono, um sono seco, sem tempo, morto.

Tenho pensado em tudo que eu costumava querer ser.
Tenho pensado em tudo sobre mim, tudo sobre eu e você.

Essa é a história da minha vida,
Essas são as mentiras que eu criei.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Monomania



Dois anos se passaram, e o medo de ser tocada passou.
Passou pelo menos o suficiente para ser feliz.
Me abraçar sem medo.

Do medo do toque ao prazer no toque,
mesmo assim, não foi o suficiente,
não foi o suficiente sentir.

Tivemos que ultrapassar tudo isso,
onde o toque não é mais necessário,
quando o toque se tornou vontade,
qual o toque pareceu bobagem,
quem o toque já está feliz.

Não sei se aprendemos a nadar ou se crescemos a ponto de dar pé nesse mar tão tempestuoso.
As ondas e marés nos fazem tombar ainda, sentir o esforço nas pernas e o cansaço,
mas não engolimos mais água, nem corremos o risco de morrer afogados.

A maturidade chegou, mas a luta continua, a vida continua batendo, só aprendemos a levantar as mãos para defender e mover o tronco para esquivar.

A gente ainda chora.
Mas é bem mais fácil parar quando estamos juntos, abraçados.
Quando enxugamos nossas lágrimas, umas nas outras.

A saudade nem é mais a mesma, não leva nada embora.
Agora nosso amor é como um vinho, ele matura por um tempo,
e quando fechado, longe, volta melhor, mais forte, mais valioso.

I will protect you
From all around you
I will be here
Don't you cry

For one so small,
you seem so strong
My arms will hold you,
keep you safe and warm
This bond between us
can't be broken
I will be here
Don't you cry

'Cause you'll be in my heart”

E assim acabaram as palavras,
pois existem coisas que nem eu sei dizer.
Ou nem a linguagem consegue.

E esses 730 dias são Amor.


Já te fiz tantas cartas, são 4, 5, 6 ou mais.
Eu sei demais que ta demais.
Eu chego com essas palavras e você só ta querendo paz.
Você desvia pra cozinha e eu vou te amando atrás.
Se juntar cada verso meu e comparar vai dar pra ver, tem mais você que filosofia.
Tenho que me controlar se um dia quiser enriquecer.
Quem vai gostar de um blog sobre uma pessoa só?
E hoje eu falei pra mim, jurei até, que esse não seria para você e agora é.