quinta-feira, 10 de junho de 2010

Oneirofobia

Descobri que tenho uma ótima capacidade de "intertextualizar", não só nos livros, consigo (nem sempre) aplicar tudo a tudo e todos, ver trechos de música na fala das pessoas, ver fotos num sorriso, escutar gritos em um olhar, sim, "intertextualizar". Ultimamente mais do que nunca, já que estou relendo minhas bíblias e entendendo a cabeça de um Sonhador, Steven Spilberg, antes sonhador que gênio, afinal, proclama como sua maior criação a Dreamworks.

Dreamworks.

"(...)que podemos traduzir de diversas formas, por 'trabalho de sonho', 'trabalho dos sonhos, 'obras do sonhos', trabalhadores do sonho', ou ainda, separando dream para fazer dele o sujeito do verbo works: 'o sonho trabalha'(...)"
Podemos não, vocês podem, pois eu só consigo enchergar uma coisa, e fazendo minha "tradução livre" (literalmente, ou melhor, "cartesianamente" livre) como Dream(sonhar)works(funciona).
Mas sonhar realmente funciona?
Não.
A minha intertextualidade me permite usar minha imaginação de forma, no mínimo, não mortal, ou ela maqueia todos os sentidos de uma vez e não me permite distinguir o que é real do que não é.
Sabe qual é a pior parte?
Esperança.
essa droga de ler as malditas entrelinhas da intertextualiadade me dão esperança, essa paixão quase que feia, mas principalmente triste.
Imaginação não é ruim, só o é na medida em que não me dou conta do que sinto(no sentido dos sentidos)
Desculpa, esquecí, humanos não entendem porque esperança é ruim(eu sei que filosofia não é ciência, e que vocês não podem tomar como verdade tudo o que ela diz, mas convenhamos, qualquer um que escutar um pouco de spinoza(sim escutar, nos livros) de olhos e coração aberto perceberá que esperança é tão ruim quanto perder um braço). Esperança é sentida quando temos medo(paixão que nos limita, tira a liberdade, deixa triste) que algo futuro não aconteça, ou aconteça. Esperança essa que é ligada a uma ideia futura, ideia sonhada, de um momento que não aconteceu, e nem pode ser previsto. Imaginar que o futuro seja melhor ou mais feliz não muda nada o fato do futuro, ser futuro(não acontecido ainda), só diz que o presente é triste, ou não feliz o suficiente, nos decepciona. "Ter esperança é perder a esperança no presente." Não ter esperança não é tudo mais nada menos, que entender que não existe nada para entender do futuro e sim o que já existe, do jeito que já existe.

Estou em tempos de ficar cada vez mais longe, menos transparente, tendo mais guerras internas.
As boas notícias não fazem diferença e as más ficam vagando pela minha cabeça durante dias.
Nada mais parece me deixar feliz, nada, nem minha felicidade, se é que isso é possível, basta eu respirar, e fechar os olhos que tudo de bom acaba, e tudo de ruim aparece, acho que é esse o motivo de tanta insonia.

500 days of summer

Um excelente filme, não importa o que acham, ele é real(mesmo sabendo que parece óbvio já que foi feito com esse propósito, é um absurdo também, pois se trata de um filme), mas me vi alí.
E vi o alí em mim.
Sim, eu Joseph Leonard Gordon-Levitt (que mais me parece o irmão mais novo de Heath Ledger) me vejo, com Zooey Claire Deschanel(que é tão diferente de tudo, mas essa história já conhecemos), sentindo os contrastes que as dúvidas causam e a agonia que a sensação de inércia, apenas dependendo dos movimentos de outro, e não se agradando com movimento algum, pois por mais que tenha sido de sua vontade, o movimento foi tomado por outro, e lhe é sofrido. A copa começou hoje, então tomemos o exemplo de um jogador que se irrita com um gol de seu próprio time, pois, ele tinha a bola nos pés, mas o técnico o obrigou a passar a bola para o craque marcar e tomar as glórias, ou as dores, pois mesmo que o jogador tivesse errado, seria uma atitude dele, e responsabilidade e liberdade própria. Ele decidiu, não teve a dúvida, escolheu o caminho que levou a um resultado infeliz, mas escolheu, não passou a responsabilidade, que já não é responsabilidade e sim quase obrigação. Escolher um caminho é melhor que não escolher nenhum, não importam os resultados da escolha, ponto.
Existe uma cena em particular que acho perfeita.

Dia 34
Tom: Eu amo Summer.
Amo seu sorriso inocente.
Amo o jeito que ela ajeita o cabelo.
Amo seu joelho delicado.
Amo seu sinal em formato de coração perto do pescoço.
Amo quando molha os lábios antes de falar.
Amo o som da sua risada.

e um tempo depois.

Dia 322
Tom: E odeio Summer.
Odeio o seu dente torto.
Odeio o seu cabelo estilo anos 60.
Odeio o seu joelho idiota.
Odeio a mancha em forma de barata perto do pescoço.
Odeio quando ela molha os lábios antes de falar.
Odeio o som da sua risada ridícula.

É incrível, pura filosofia, quanto mais amor, mais oportunidade de ódio.
(mas isso já é outra história)
Fora as cenas que Tom demonstra a nítida diferença(uma cena ao lado da outra) no que ele teria esperança que acontecesse, e o que acontece de verdade.
O final, cabe a vocês descobrirem.
Mas repito, somos nós ali, e eles aqui.

Esta é a história do garoto
que conhece a garota.
O garoto, cresceu acreditando que nunca
seria verdadeiramente feliz, até o dia em que
ele conheceu a garota.
Essa crença vem
de uma exposição precoce à triste música pop britânica,
e à má compreensão do filme
"A Primeira Noite de um Homem".
A garota, não acredita na mesma coisa. Desde o fim do casamento
de seus pais, ela só amava duas coisas: A primeira era
seu longo cabelo escuro. A segunda era a facilidade
para cortá-lo, sem sentir nada.
O garoto conheceu a garota em 19 de janeiro.
E ele sabe imediatamente
que ela é quem ele procurava.
Esta é a história do garoto
que conhece a garota.
Mas você deve saber,
que não é uma história de amor.

O filme começa contando nossa história de uma maneira bem sujestiva.

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